Talita Gantus
Feminismo pra quem?

Foto: Helena Zelic
Mulheres silenciam
Conjecturas de atentado ao capital
Aceitam a opressão da dor, da cor e do amor
Compactuam falsas promessas de libertação.
Lá embaixo uma mulher se vende
Por não ter o que oferecer além da aposta fácil
De escárnio, descaso e orgasmo.
Uma menina pede dinheiro para matar a fome
Que só não lhe mata porque a vida se faz de justa
Injusta ela
Que só faz por estender o tempo
Da sofreguidão.
Pessoas morrem a todo momento na prisão
No papelão
E no chão
Pessoas caídas, estendidas, corroídas
Já não despertam mais comoção.
Despertam raiva do sistema
Que oprime
Suprime
Comprime
Até a exaustão
Nessa sanguinária bolha da capitalização.
Que capitaliza tudo
Inclusive a água mineral engarrafada
Que vale mais que um pedaço de pão.
Maldição!
Uma pobre favelada
Chamada Carolina Maria de Jesus
Perguntou:
"Com quantos pobres se faz um rico?"
Não soube responder.